terça-feira, 1 de julho de 2008

Criança que passou no vestibular da Unip quer tentar federal de Goiás

Os alunos do 5º ano do ensino fundamental do colégio Imaculada Conceição, em Goiânia, já começam a planejar as brincadeiras para o tempo livre das férias escolares, que começaram neste final de semana. Menos João Victor Portelinha de Oliveira (foto), 9. Ao contrário dos colegas de sala, ele pretende passar o mês de julho estudando para o vestibular.Depois de ser aprovado no processo seletivo da Faculdade de Direito da Unip (Universidade Paulista) e não ter autorização para fazer o curso, ele quer encarar outro desafio: passar no vestibular da UFG (Universidade Federal de Goiás). "Já assisti a uma aula e gostei muito. É lá que eu quero estudar", conta João Victor.Ainda faltam sete anos para ele concluir os estudos, mas seus planos vão além do bacharelado. "Quero ser advogado até os 15 anos, mas meu grande sonho é ser juiz federal. Acho que até os 18 eu vou conseguir". Isso porque ele não pretende fazer a prova, marcada para novembro, na modalidade de treineiro. "Vou prestar para passar", garante. No entanto, o menino pode ter seus planos frustrados novamente. Segundo a portaria nº 391/2002 do MEC (Ministério da Educação), somente candidatos que estejam cursando o ensino médio ou que possuam certificado de conclusão deste nível de ensino podem se inscrever no vestibular, inclusive como treineiro.A mãe de João Victor, Maristela Martins Portelinha, conta que o filho não teve problema para se inscrever na seleção da Unip. "Não sabia dessa portaria do MEC e não tivemos dificuldade antes. Acho que não vamos ter novamente".A UFG ainda não divulgou o edital do vestibular 2009, mas no edital de 2008 consta que "o processo seletivo se destina àqueles que tenham concluído o ensino médio (ou curso equivalente) ou estejam cursando, em 2007, a última série do ensino médio (ou curso equivalente)".Segundo a assessoria de imprensa da universidade, qualquer pessoa pode se inscrever e fazer o vestibular. A restrição se limita à matrícula, que é quando o candidato apresenta a documentação e o certificado de conclusão do ensino médio.Momento certoSempre muito econômico nas palavras, João Víctor acredita que essa é a hora certa para fazer vestibular. "Tem muita gente que, quando chega naquela fase, fica com preguiça. Então é melhor fazer logo". A idéia é entrar na universidade o quanto antes, mas ele sabe que o episódio anterior pode se repetir. "Não vou desanimar. Se não me deixarem entrar na faculdade, vou continuar fazendo vestibular para testar meus conhecimentos".João Víctor diz que tem autorização dos pais para prestar o concurso. Mas para Maristela, o filho precisa mesmo é "descansar um pouco". "Estamos orientando e até tentando desanimá-lo de fazer a prova porque ele fica na expectativa. E se não entra na faculdade, ele fica frustrado", conta.Segundo ela, João é uma criança responsável, estudiosa e que gosta muito de ler. "Ele acompanha desde o caderno de esportes até as reportagens de política".Para as férias, o jovem vestibulando já tem planos: "vou viajar para a casa da minha avó, em Camboriú (SC), e estudar com os livros do meu pai". O pai, William Ribeiro, cursava direito na Unip, mas depois do ocorrido com João Victor, pediu transferência para outra instituição em Goiânia.João Victor diz que é a única criança da escola que pensa na profissão. "Meus amigos apóiam minha decisão, mas eles não têm vontade de entrar na facudade. Eles só querem brincar".
Mariana Tramontina
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Estudo liga concorrência escolar a estresse


Eles rezam [foto: Pais se desespera após confirmar em lista de admissão que seu filho não foi selecionado para uma boa escola]. Guardam dinheiro para propinas. Não conseguem dormir. Este é o inverno do descontentamento para os pais de crianças pequenas da Índia, especialmente na próspera capital, Nova Delhi, uma cidade de rápido crescimento onde as demandas da ambição e da demografia colidem com uma escassez de escolas desejáveis.Este ano, as admissões para o ensino pré-escolar em Delhi são disputadas por crianças de apenas três anos de idade, e a escola em que elas conseguem vaga é vista como determinante para seu destino educacional.E é por isso que um homem de negócios que inscreveu seu filho de quatro anos em 15 pré-escolas privadas correu a uma prestigiosa academia na região sul da cidade, certa manhã da semana passada, para verificar se o nome de seu filho constava da lista de matrícula. Não constava, infelizmente, e, na caminhada de volta ao seu carro, o pai preocupado ponderava em voz alta se os casais indianos não deveriam pensar em ter filhos apenas depois de garantir vagas em uma boa escola."Você tem um filho, e não há escola para matriculá-lo", ele lamentou. "Isso é insano. Não consigo dormir". Como indicação de sua ansiedade, o pai, um empresário de 36 anos, se recusa a divulgar seu sobrenome, por medo de que isso ameace as chances de admissão de seu filho em uma boa escola. Ele concordou, com relutância, em permitir que seu prenome, Amit, fosse publicado na matéria.A ansiedade quanto às admissões escolares é uma parábola de desejo e frustração no país que abriga a maior concentração mundial de jovens. Cerca de 40% do 1,1 bilhão de indianos têm idade inferior a 18 anos; muitos outros são jovens dos seus 20 ou 30 anos, já casados e pais de crianças em idade escolar.Hoje, as escolas públicas não são consideradas como opção aceitável por ninguém, exceto os indianos mais pobres, porque sua qualidade de ensino é baixa, e a concorrência por vagas nas melhores escolas particulares é ferrenha. A disputa é parte da grande corrida indiana por uma educação melhor, que atinge todo o território e todas as faixas socioeconômicas do país.Os indianos de renda mais modesta economizam ou tomam empréstimos para matricular seus filhos em escolas privadas. Em certos casos, crianças de cidades pequenas viajam mais de 60 km por dia para estudar em boas escolas, ou pelo menos escolas procuradas, em outros municípios. Novas instituições privadas surgem constantemente, e industriais e incorporadores imobiliários indianos, e até mesmo algumas empresas estrangeiras, estão de olho no mercado indiano de educação.Como muitas outras coisas na Índia, nesse mercado a procura é bem maior que a oferta, em meio a uma onda de crescimento e de enriquecimento que leva os pais, cujas infâncias foram difíceis a sonhar com algo melhor para seus herdeiros.Amit reconhece os anseios de sua classe social: "O apego às marcas dominou o país. As pessoas prestam atenção no carro que você dirige, nas roupas que usa, na escola que seus filhos freqüentam".Vir Singh, 68 anos, funcionário público aposentado, percebe a mudança em sua própria família. Um de seus filhos estudou nos Estados Unidos e continua morando lá, e outro se formou em uma boa escola privada de Delhi e conseguiu emprego em uma multinacional, mas hoje se recusa a matricular sua filha na escola em que estudou. Singh diz que seu filho deseja que sua neta estude só nas melhores escolas da cidade. "A sociedade mudou", ele afirma. "Agora, só as melhores escolas servem".
Texto: Somini Sengupta - Tradução: Paulo Migliacci ME
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EUA: programa escolar coloca estudantes no mercado

Podem esquecer as velhas aulas de "orientação vocacional" que convenciam muitos alunos a não optar pelo estudo superior. Nos últimos 25 anos, uma nova espécie de programa conhecido como "academia de carreiras" surgiu nas escolas de segundo grau, especialmente em bairros mais pobres, para combinar esforços de colocação profissional, preparação para a universidade e aulas que vão além dos cursos vocacionais antigos, para carreiras não universitárias como Contabilidade ou Enfermagem.Agora, uma rigorosa e prolongada avaliação de nove desses programas, em todo o Estados Unidos, que será divulgada em Washington na sexta-feira, constatou que, oito anos depois de formados, os participantes desses programas desfrutam de índices de emprego e de salários mais elevados que os de outros estudantes acompanhados como grupo de controle.Os especialistas em combate à pobreza classificam a constatação como encorajadora, porque poucas intervenções junto a jovens de baixa renda, especialmente negros e hispânicos, demonstraram efeitos duradouros e significativos, e elas surgem em um momento no qual os homens jovens e membros de minorias, em especial, estão perdendo terreno de maneira desastrosa no mercado de trabalho.As academias de carreiras oferecem aos alunos experiência de trabalho e os ajudam a obter empregos remunerados, enquanto eles realizam seu trabalho acadêmico regular. Quando o estudo, conduzido pela Manpower Demonstration Research, foi iniciado, 15 anos atrás, havia menos de 500 academias de carreiras em operação nos Estados Unidos. O número agora supera as 2,5 mil, e as conclusões do estudo devem estimular crescimento ainda maior.Os participantes eram em sua maioria negros e hispânicos, e as escolas tinham ênfase em disciplinas como negócios, turismo, saúde e eletrônica, com alunos matriculados por três ou quatro anos. Oito anos depois de encerrado o segundo grau, a maioria dos participantes tem 26 anos, e a renda média dos egressos desse tipo de programa é 11% mais alta - o equivalente a US$ 2.088 anuais a mais - do que a do grupo de controle."As demonstrações constatam que é possível investir no ensino de segundo grau de uma maneira que ainda terá efeito mensurável sobre a renda muito tempo mais tarde", disse James Kemple, autor do estudo e especialista em educação da Manpower, uma organização sediada em Nova York que avalia os efeitos de programas de combate à pobreza."Eles também demonstram que se pode oferecer uma boa entrada no mercado de trabalho sem comprometer a capacidade do estudante para continuar seus estudos em uma universidade", segundo Kemple. Para comparar estudantes semelhantes, os voluntários que se inscreveram para o estudo foram designados aleatoriamente para estudar nas academias ou servir como grupo de controle e não participar delas.Homens e mulheresA elevação na renda foi mais perceptível entre os homens que passaram pela academia, com diferença anual de 17% ou US$ 3.731. Os pesquisadores não sabem bem por que as mulheres tiveram ganhos bem menos significativos, e planejam estudar possíveis influências, tais como o tempo que elas dedicam a criar filhos e o tempo mais longo que as mulheres em média destinam à educação posterior ao segundo grau, que tende a produzir renda mais alta somente quando elas concluem sua educação superior.Para surpresa dos pesquisadores, os dois grupos não apresentaram diferenças em termos de conclusão do estudo secundário e do ensino superior. Nos dois grupos, 90% dos estudantes concluíram o segundo grau e obtiveram um diploma GED, e 50% tiveram pelo menos alguma educação superior - índices bem superiores à média em suas populações escolares.Os pesquisadores acreditam que aqueles que expressaram interesse inicial pelo ensino superior podem ter compartilhado de motivação semelhante para o sucesso, quer tenham sido escolhidos para as academias de carreira, quer não. Mas isso sugere igualmente que alguma coisa na experiência acadêmica, para além da educação em si, promove maior sucesso no mercado de trabalho.Um provável fator é que as academias de carreira ofereciam acesso a adultos em locais reais de trabalho, diz J. D. Hoye, diretor do programa de colocação profissional de estudantes de segundo grau no governo Clinton e hoje presidente da National Academy Foundation, que assessora as academias de carreiras sobre currículos e outros assuntos. "Os alunos podem ver como é trabalhar, e constroem uma rede de adultos que se interessam por eles nas escolas e nos locais de trabalho", disse Hoye.Os estudantes de uma academia de carreiras se mantêm unidos como grupo. Usualmente recebem estágios pagos no segundo ano de colegial, alguns dos quais se transformam em empregos que eles mantêm até a faculdade. Na academia de turismo da Miami Beach Senior High School, por exemplo, muitos começam trabalhando nas recepções de grandes hotéis, e a esperança de alguns dos participantes é usar essa experiência para conquistar cargos executivos nessas empresas.Escolas participantesUma escola participante é a Santa Ana High School, do sul da Califórnia, onde 90% dos quase três mil alunos são hispânicos e cerca de 180 deles participam da Academia Global de Finanças. Além das matérias tradicionais, eles recebem aulas de Computação e Contabilidade, e estudam o mercado de ações, o de imóveis e o de finanças pessoais. Eles fazem estágios em bancos, escritórios de advocacia e empresas de finanças, e na administração do distrito escolar, entre outros lugares.Os estudantes parecem se beneficiar de sua participação em um grupo pequeno e especial, disse Mark Bartholio, o diretor da academia. Muitos optam por não procurar carreiras em finanças, mas em lugar disso se tornam professores, assistentes sociais ou trabalham no ramo da justiça, ele afirma, mas um dos formandos disse que a contabilidade que ele aprendeu no programa o ajudou a abrir sua pequena empresa."As academias de carreiras dizem aos alunos que, caso se disponham ao esforço necessário para obter um diploma universitário, há caminhos abertos para eles", afirmou David Stern, especialista em educação da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos primeiros proponentes das academias de carreiras. "Mas mesmo que eles não queriam fazer curso superior, ou não o concluam, têm alguma experiência profissional a que recorrer, e isso lhes confere uma pequena vantagem no mercado de trabalho".
Texto: Erick - Eckholm Tradução: Paulo Migliacci ME
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