sexta-feira, 23 de julho de 2010

"Lei Maria da Penha": Uma aberração legal

Análise realizada em 06 de outubro de 2007 por Marli Nogueira, A autora é Juíza do Trabalho em Brasília.

"Le propre domaine de la Loi et des Gouvernements, c´est la Justice."
(FRÉDÉRIC BASTIAT)

Já está completando quatro anos da entrada em vigor da Lei nº 11.340/06, a chamada "Lei Maria da Penha", editada com o propósito de criar mecanismos para coibir a violência contra a mulher.

É evidente que há casos de violência que nos deixam revoltados. Mas algumas coisas importantíssimas devem ser pensadas sobre o assunto, para que possamos concluir que não temos, entre nós, a chamada "violência contra a mulher", a exigir a elaboração de lei tão injusta e discriminatória.

No Brasil, quando o marido bate na mulher, ele não está praticando um ato de "violência contra a mulher". Está praticando um ato de violência contra a mulher dele, o que é completamente diferente. Violência "contra a mulher" ocorre quando essa prática se dá em virtude do gênero, independentemente da existência ou não de algum vínculo entre o agressor e a agredida. É o que acontece, por exemplo, em países em que a mulher, apenas por ser mulher, é apedrejada pela população quando comete adultério ou se comporta de maneira incompatível com as normas religiosas. É o que ocorre, ainda, nos países que praticam a mutilação clitoriana porque "mulher não pode ter prazer". Aí sim, podemos falar de violência contra a mulher de forma geral. A diferença é sutil, mas de suma importância para a compreensão do problema. É preciso estar atento a essas sutilezas, que é para não cair em armadilhas montadas por gente mal intencionada, cujo objetivo não é, certamente, o de melhorar as condições de vida da sociedade brasileira.

O fato de em alguns países haver esse tipo de violência (contra o gênero, e não apenas do marido contra sua própria mulher) não nos autoriza a editar uma lei específica para proteção de todas as mulheres brasileiras, na medida em que não temos (pelo menos até o momento) nenhum tipo de violência praticada em razão do gênero. No Brasil, todos os casos de violência entre o casal se dão por problemas havidos com o próprio casal, e não por uma idéia preconcebida que o marido, ou a sociedade, tenha com relação a toda e qualquer mulher pelo fato de ela ser mulher. Tanto é assim, que ninguém vai às ruas para ajudar o marido a bater na mulher caso ele descubra que ela o está traindo (ao contrário do que costuma acontecer em alguns outros países). E se a briga é apenas entre o marido e a mulher dele, ninguém tem nada a ver com isso! Esse não é um problema de "direitos humanos" entre nós. É um problema de educação, que acomete casais de todas as classes sociais, embora seja mais freqüente em umas do que em outras. Nada mais do que isso.

Por mais significativos que sejam os dados estatísticos brasileiros referentes à violência doméstica contra a mulher (e é o próprio legislador quem, usando esse termo, reconhece que a violência não é de gênero, mas meramente entre o casal), eles ainda não atingiram (e acho que jamais atingirão) a maioria dos casais. Não haverá quem concorde com a afirmação (jamais feita, diga-se de passagem) de que mais da metade dos casais brasileiros apresente algum caso de grave violência. E se menos da metade apresenta esse tipo de violência, não se justifica, de forma alguma, a criação de uma lei específica para "proteger" a mulher brasileira. Porque não é a mulher brasileira quem precisa de proteção. É aquela mulher específica. E para isso, já temos o nosso Código Penal.

Quando uma estatística aponta que "75% dos homicídios contra as mulheres no Brasil são cometidos pelos próprios parceiros sexuais", isso não significa o mesmo que afirmar que "no Brasil, 75% dos parceiros sexuais matam suas mulheres". Essa é outra distinção importantíssima para se pensar com clareza no problema, sob pena de se extraírem ilações completamente falsas, como vem acontecendo (aliás, análises de dados estatísticos têm constituído um problema dos mais sérios no Brasil).

No Brasil, o problema de violência doméstica contra a mulher decorre de questões estruturais (principalmente falta de educação), e não de uma discriminação de gênero. E essa já seria uma razão suficiente para não se criar uma lei tentando "resolver" o problema. Educação é algo que começa a partir do nascimento, passa inicialmente pela família, depois pela escola e, daí por diante, a própria vida se encarrega de aperfeiçoá-la (ou até mesmo destruí-la). Quando o Brasil realmente se desenvolver (o que não ocorrerá tão cedo, infelizmente), criando condições de um bom nível de empregabilidade, aumentando o nível de renda das pessoas (mas por medidas que visem ao desenvolvimento, e não por medidas de cunho coletivista, como essa de garantir estabilidade no emprego para a mulher agredida por seu parceiro), aí poderemos ter certeza de que a violência havida entre os casais tenderá a diminuir consideravelmente.

Somente devem ser criadas leis para uma minoria específica quando essa minoria realmente não tiver outro caminho para sanar os seus problemas. É o caso, por exemplo, de uma lei que obrigue os estabelecimentos comerciais, os estabelecimentos bancários e os de outros serviços a manter rampas de acesso para paralíticos (jamais direi "cadeirantes", porque a cada termo eufemístico introduzido na linguagem, maior será a discriminação; esse controle estatal pelo uso de uma linguagem "politicamente correta" é algo tão assustador, que mereceria um outro artigo). Nessa hipótese, como o paralítico não deixará de ser paralítico (a não ser por algum milagre divino), é evidente que compete ao Estado dar-lhe condições de ter uma vida o mais semelhante possível àquela que levam os que não portam qualquer tipo de deficiência. Mas muitas mulheres (na verdade, a maioria) que sofrem algum tipo de agressão por parte de seus parceiros, têm, sim, um outro caminho. E, dentre estas, também a maioria costuma adotá-lo.

Quando o legislador cria uma estabilidade no emprego para a mulher agredida por seu parceiro sexual, como previsto na Lei Maria da Penha, ele está simplesmente transferindo, para terceiros, o ônus de um problema para o qual esse terceiro sequer concorreu. A medida revela um distanciamento descabido entre a lei e a justiça, o que é extremamente triste, para dizer o mínimo.

No Brasil há uma mania incorrigível de se instigar a luta de classes: pobres contra ricos, negros contra brancos, empregados contra patrões, não-proprietários contra proprietários, etc. Agora, infelizmente, criou-se mais esta: a luta das mulheres contra os homens, colocando-as num patamar superior ao deles em termos de proteção por parte do Estado (a despeito de não termos qualquer tipo de discriminação baseada no gênero), ao mesmo tempo em que as coloca em um patamar inferior, na medida em que se parte do princípio de que elas jamais serão capazes de encontrar, pelos meios privados, uma solução para o seu problema (igualmente privado), coisa que não ocorre quando a violência se dá pela mulher contra o marido.

Se, como vimos, não temos aqui uma violência indiscriminada contra a mulher, não há justificativa plausível para a edição da Lei Maria da Penha. Parece-me que já temos problemas demais para querermos "importar" mais este.

LEIA MAIS...
Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=6099&language=pt
Mídia Sem Máscara - http://www.midiasemmascara.org
http://liberdadedeexpressao.multiply.com/reviews/item/51

Socióloga é contra a Lei Maria da Penha

A socióloga Heleieth Iara Bongiovani Saffioti pesquisa há 46 anos as relações de gêneros e 30 anos a violência doméstica. Ela é contrária a Lei Maria da Penha, que prevê penas mais severas aos agressores. Para a pesquisadora, a saída para o fim da violência entre maridos e esposas ou namoradas é a reeducação. Heleieth argumenta que apenas o encarceramento do agressor não põe fim à violência. Já os trabalhos educativos por meio de palestras, leituras dirigidas e ouvir o que o homem tem a dizer oferecem resultados positivos. Modelos semelhantes ao que ela propõe já são utilizados na França, Estados Unidos, Costa Rica, México e de forma pontual nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. A socióloga esteve em Cuiabá ontem onde proferiu palestra sobre as "Controvérsias entre Feminismo e Masculinismo". Antes de entrar no teatro da UFMT ela deu a seguinte entrevista. A Gazeta - Porque a senhora é contrária a Lei Maria da Penha? Heleieth - Me aponte um prisioneiro que tenha saído melhor da cadeia do que quando entrou. A cadeia é uma escola de pós-graduação para o crime. Não queremos a igualdade social com os homens? Nós não queremos mandar nos homens, e tampouco que o mando masculino continue. Se eu proponho a reeducação da vítima e do agressor estou muito mais no caminho da igualdade do que se eu botar o cidadão na cadeia. Essa minha idéia de ressocializar a mulher e o homem é muito mais antiga que a Lei Maria da Penha e me incomodava demais ter serviço de atendimento apenas para as mulheres e não para os homens e aí eu falava muito nisso e escrevia. A Gazeta - A senhora acha que penas mais duras não coibem a prática de crimes? Heleieth - Se fosse assim nos Estados Unidos, os estados que têm a pena de morte seriam os que apresentariam os índices de criminalidade mais baixos, entretanto não é assim. E não há uma correlação positiva entre maior criminalidade e penas mais duras, como não há o inverso também. A Gazeta - Tem muito homem que reclama que mulheres abusam da Lei Maria da Penha? Heleieth - Não é só mulheres que abusam da lei, tem muitos intelectuais achando que ela é a salvação. Não é. Está mostrado que em Cuiabá não é. Em São Paulo está sendo pessimamente implementada, ninguém gosta da lei. Em primeiro lugar, ela não atende o interesse das vítimas. A mulher vítima da violência não quer ver os pais dos seus filhos na cadeia. Não consulta o interesse das vítimas. A Gazeta - Há 46 anos a senhora pesquisa o tema. A violência contra a mulher era menor? Heleieth - Antes da mulher se calava. Meus estudos me mostraram o oposto do que se diz que o patriarcado que era da história remota e estaria morrendo. Nós tivemos sociedades igualitárias. O patriarcado surgiu há 6 mil anos. É um bebezinho quando a gente compara na história. A Gazeta - Quando a mulher passou a denunciar o agressor. Se antes ficava quieta o que a motivou partir para a denúncia? Heleieth - Mas se ela ficava quieta era por causa da família. Se ela dizia "Eu vou me separar porque ele me bate", a família dizia "ruim com ele, pior sem ele". Até hoje se diz isso. A família segurava, os vizinhos, os amigos, a igreja. É uma coisa socialmente construída, mas que pode ser desconstruída e reconstruída em direção a igualdade entre homens e mulheres. A Gazeta - Como deconstruir se ainda o machismo é grande? Heleieth - Como visibilizou o fenômeno da violência doméstica? Foi por meio das delegacias especializadas. Nós temos conseguido que o governo tome medidas a partir de pesquisas que visibilizem a violência doméstica em torno dessas sociedades patriarcais. É possível construir a igualdade. Até 1962, a mulher quando se casava perdia uma série de direitos civis. Quando solteira ou enviuvava ela tinha liberdades civis. Ela só poderia trabalhar fora com a permissão do marido. Em 27 de agosto do mesmo ano, saiu uma lei o Estatuto da Mulher Casada que arrebentou alguns grilhões. A Gazeta - É possível chegar a sociedade igualitária por meio da Lei Maria da Penha? Heleieth - Se não matarem todas as mulheres.... (risos). Violência não se combate com violência. Ás vezes a Lei Maria da Penha é uma violência maior ainda que as cometidas pelos agressores. A Gazeta - O que seria o modelo ideal para que a violência doméstica não seja tratada nas delegacias? Heleieth - O papel das mulheres é conhecer os seus direitos e conhecer o caminho para obter o cumprimento dos direitos quando violados e divulgar isso na comunidade. Existem cursos para isso, orientação jurídica, há as casas abrigos. No caso dos homens eu passaria filmes para discutir o tema, daria um texto curto de jornais para esses homens contando casos de assassinatos de mulheres. A partir disso, discutir a estrutura social da sociedade brasileira, mostrar historicamente. Publicado em A Gazeta de Cuiabá (MT), 28/11/07.

http://www.violenciamulher.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=457:sociologa-e-contra-a-lei-maria-da-penha&catid=19:reportagens-artigos-e-outros-textos&Itemid=6

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Humanos chegaram a ilhas britânicas antes do que se pensava, diz estudo

Cientistas descobriram instrumentos (foto) de pedra em Norfolk, no Reino Unido, que sugerem a presença humana nas ilhas britânicas há cerca de um milhão de anos.
A descoberta, publicada na revista "Nature", indica que os primeiros humanos chegaram ao território do atual Reino Unido centenas de milhares de anos antes do que se pensava.
Dados ambientais sugerem que as temperaturas eram relativamente frias, levantando a possibilidade de que esses seriam alguns dos primeiros humanos a usar fogo para se aquecer. Eles também podem estar entre os primeiros grupos a usar peles de animais para se vestir.
As descobertas foram feitas em Happisburg, no norte do condado de Norfolk. Na época havia um istmo conectando a Europa continental ao que é hoje o Reino Unido.
Embora não tenham encontrado restos humanos, os pesquisadores acreditam que a espécie era de Homo antecessor, conhecido como "Homem Pioneiro".
Restos da espécie, com idades entre 800 mil e 1,2 milhão de anos antes do presente, haviam sido encontrados na região de Atapuerca, no norte da Espanha. A espécie britânica poderia ter chegado a Norfolk nesse período, diz Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres.
"Se o clima era bom e a ponte de terra estava lá, não há motivo para que não pudessem vir às ilhas britânicas há 1,2 milhão de anos", disse à "BBC News".

PIONEIRO

O "Homem Pioneiro" era semelhante a nossa espécie porque andava com postura ereta, usava instrumentos e era caçador-coletor.
Mas fisicamente a espécie era bastante diferente. Tinham cérebros menores, tóri supraorbitais fortes e dentes grandes. A espécie tinha algumas características primitivas, como rosto achatado e ausência de queixo saliente na mandíbula inferior.
A descoberta levanta várias questões. Como as criaturas lidavam com os invernos frios? Teriam sido as ilhas britânicas as primeiras em que o fogo foi usado de forma controlada para aquecimento?
"Embora não tenhamos evidência de que usavam fogo ou roupas para sobreviver ao inverno, imagino que eles devem ter tido algumas adaptações adicionais", disse o professor Stringer.
A pesquisa foi liderada por Nick Ashton, do Museu Britânico, de Londres, como parte do projeto Ocupação Humana Antiga das Ilhas Britânicas (AHOB).
"A descoberta foi surpreendente por estávamos lidando com uma data incrivelmente remota", disse Ashton.
Ele acrescentou que os dados ambientais que indicaram a presença de temperaturas baixas foram "ainda mais surpreendentes".
"É incomum encontrar humanos vivendo em climas tão frios tão ao norte em data tão remota", disse.

GEOGRAFIA

Essa área de Norfolk era bastante diferente há um milhão de anos.
"O rio Tâmisa passava por essa área. E no local [onde os instrumentos foram encontrados] existem sedimentos depositados pelo Tâmisa", explicou.
O "Homem Pioneiro" foi extinto em uma das Eras do Gelo. Elas ocorrem a cada 100 mil anos, e a cada vez que ocorrem, as ilhas britânicas acabam se tornando desabitadas.
Quando as condições climáticas melhoraram, um novo grupo de humanos chegava.
Houve pelo menos oito ondas diferentes de pessoas que se estabeleceram e morreram antes da última onda, que é a que sobrevive até hoje.

Texto publicado em: 07/07/2010 - 17h03 - http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/763389-humanos-chegaram-a-ilhas-britanicas-antes-do-que-se-pensava-diz-estudo.shtml

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pobreza diminui, número de ricos aumenta

Da Redação*
Em São Paulo
Dois estudos divulgados nesta terça-feira (5) mostram mudanças nas classes sociais brasileiras em seis regiões metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. Um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas) revela que o número de pessoas pobres -com renda igual ou inferior a meio salário mínimo- caiu de 35% para 24,1% no período de 2003 a 2008. Ao analisar a outra ponta da população, o levantamento mostra que o número de indivíduos pertencentes a famílias com renda mensal igual ou superior a 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil) cresceu de 0,8% para 1%.

A expectativa para 2008 é que 11,3 milhões de pessoas estejam na linha da pobreza.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Criança que passou no vestibular da Unip quer tentar federal de Goiás

Os alunos do 5º ano do ensino fundamental do colégio Imaculada Conceição, em Goiânia, já começam a planejar as brincadeiras para o tempo livre das férias escolares, que começaram neste final de semana. Menos João Victor Portelinha de Oliveira (foto), 9. Ao contrário dos colegas de sala, ele pretende passar o mês de julho estudando para o vestibular.Depois de ser aprovado no processo seletivo da Faculdade de Direito da Unip (Universidade Paulista) e não ter autorização para fazer o curso, ele quer encarar outro desafio: passar no vestibular da UFG (Universidade Federal de Goiás). "Já assisti a uma aula e gostei muito. É lá que eu quero estudar", conta João Victor.Ainda faltam sete anos para ele concluir os estudos, mas seus planos vão além do bacharelado. "Quero ser advogado até os 15 anos, mas meu grande sonho é ser juiz federal. Acho que até os 18 eu vou conseguir". Isso porque ele não pretende fazer a prova, marcada para novembro, na modalidade de treineiro. "Vou prestar para passar", garante. No entanto, o menino pode ter seus planos frustrados novamente. Segundo a portaria nº 391/2002 do MEC (Ministério da Educação), somente candidatos que estejam cursando o ensino médio ou que possuam certificado de conclusão deste nível de ensino podem se inscrever no vestibular, inclusive como treineiro.A mãe de João Victor, Maristela Martins Portelinha, conta que o filho não teve problema para se inscrever na seleção da Unip. "Não sabia dessa portaria do MEC e não tivemos dificuldade antes. Acho que não vamos ter novamente".A UFG ainda não divulgou o edital do vestibular 2009, mas no edital de 2008 consta que "o processo seletivo se destina àqueles que tenham concluído o ensino médio (ou curso equivalente) ou estejam cursando, em 2007, a última série do ensino médio (ou curso equivalente)".Segundo a assessoria de imprensa da universidade, qualquer pessoa pode se inscrever e fazer o vestibular. A restrição se limita à matrícula, que é quando o candidato apresenta a documentação e o certificado de conclusão do ensino médio.Momento certoSempre muito econômico nas palavras, João Víctor acredita que essa é a hora certa para fazer vestibular. "Tem muita gente que, quando chega naquela fase, fica com preguiça. Então é melhor fazer logo". A idéia é entrar na universidade o quanto antes, mas ele sabe que o episódio anterior pode se repetir. "Não vou desanimar. Se não me deixarem entrar na faculdade, vou continuar fazendo vestibular para testar meus conhecimentos".João Víctor diz que tem autorização dos pais para prestar o concurso. Mas para Maristela, o filho precisa mesmo é "descansar um pouco". "Estamos orientando e até tentando desanimá-lo de fazer a prova porque ele fica na expectativa. E se não entra na faculdade, ele fica frustrado", conta.Segundo ela, João é uma criança responsável, estudiosa e que gosta muito de ler. "Ele acompanha desde o caderno de esportes até as reportagens de política".Para as férias, o jovem vestibulando já tem planos: "vou viajar para a casa da minha avó, em Camboriú (SC), e estudar com os livros do meu pai". O pai, William Ribeiro, cursava direito na Unip, mas depois do ocorrido com João Victor, pediu transferência para outra instituição em Goiânia.João Victor diz que é a única criança da escola que pensa na profissão. "Meus amigos apóiam minha decisão, mas eles não têm vontade de entrar na facudade. Eles só querem brincar".
Mariana Tramontina
http://educacao.uol.com.br/

Estudo liga concorrência escolar a estresse


Eles rezam [foto: Pais se desespera após confirmar em lista de admissão que seu filho não foi selecionado para uma boa escola]. Guardam dinheiro para propinas. Não conseguem dormir. Este é o inverno do descontentamento para os pais de crianças pequenas da Índia, especialmente na próspera capital, Nova Delhi, uma cidade de rápido crescimento onde as demandas da ambição e da demografia colidem com uma escassez de escolas desejáveis.Este ano, as admissões para o ensino pré-escolar em Delhi são disputadas por crianças de apenas três anos de idade, e a escola em que elas conseguem vaga é vista como determinante para seu destino educacional.E é por isso que um homem de negócios que inscreveu seu filho de quatro anos em 15 pré-escolas privadas correu a uma prestigiosa academia na região sul da cidade, certa manhã da semana passada, para verificar se o nome de seu filho constava da lista de matrícula. Não constava, infelizmente, e, na caminhada de volta ao seu carro, o pai preocupado ponderava em voz alta se os casais indianos não deveriam pensar em ter filhos apenas depois de garantir vagas em uma boa escola."Você tem um filho, e não há escola para matriculá-lo", ele lamentou. "Isso é insano. Não consigo dormir". Como indicação de sua ansiedade, o pai, um empresário de 36 anos, se recusa a divulgar seu sobrenome, por medo de que isso ameace as chances de admissão de seu filho em uma boa escola. Ele concordou, com relutância, em permitir que seu prenome, Amit, fosse publicado na matéria.A ansiedade quanto às admissões escolares é uma parábola de desejo e frustração no país que abriga a maior concentração mundial de jovens. Cerca de 40% do 1,1 bilhão de indianos têm idade inferior a 18 anos; muitos outros são jovens dos seus 20 ou 30 anos, já casados e pais de crianças em idade escolar.Hoje, as escolas públicas não são consideradas como opção aceitável por ninguém, exceto os indianos mais pobres, porque sua qualidade de ensino é baixa, e a concorrência por vagas nas melhores escolas particulares é ferrenha. A disputa é parte da grande corrida indiana por uma educação melhor, que atinge todo o território e todas as faixas socioeconômicas do país.Os indianos de renda mais modesta economizam ou tomam empréstimos para matricular seus filhos em escolas privadas. Em certos casos, crianças de cidades pequenas viajam mais de 60 km por dia para estudar em boas escolas, ou pelo menos escolas procuradas, em outros municípios. Novas instituições privadas surgem constantemente, e industriais e incorporadores imobiliários indianos, e até mesmo algumas empresas estrangeiras, estão de olho no mercado indiano de educação.Como muitas outras coisas na Índia, nesse mercado a procura é bem maior que a oferta, em meio a uma onda de crescimento e de enriquecimento que leva os pais, cujas infâncias foram difíceis a sonhar com algo melhor para seus herdeiros.Amit reconhece os anseios de sua classe social: "O apego às marcas dominou o país. As pessoas prestam atenção no carro que você dirige, nas roupas que usa, na escola que seus filhos freqüentam".Vir Singh, 68 anos, funcionário público aposentado, percebe a mudança em sua própria família. Um de seus filhos estudou nos Estados Unidos e continua morando lá, e outro se formou em uma boa escola privada de Delhi e conseguiu emprego em uma multinacional, mas hoje se recusa a matricular sua filha na escola em que estudou. Singh diz que seu filho deseja que sua neta estude só nas melhores escolas da cidade. "A sociedade mudou", ele afirma. "Agora, só as melhores escolas servem".
Texto: Somini Sengupta - Tradução: Paulo Migliacci ME
http://educacao.uol.com.br/

EUA: programa escolar coloca estudantes no mercado

Podem esquecer as velhas aulas de "orientação vocacional" que convenciam muitos alunos a não optar pelo estudo superior. Nos últimos 25 anos, uma nova espécie de programa conhecido como "academia de carreiras" surgiu nas escolas de segundo grau, especialmente em bairros mais pobres, para combinar esforços de colocação profissional, preparação para a universidade e aulas que vão além dos cursos vocacionais antigos, para carreiras não universitárias como Contabilidade ou Enfermagem.Agora, uma rigorosa e prolongada avaliação de nove desses programas, em todo o Estados Unidos, que será divulgada em Washington na sexta-feira, constatou que, oito anos depois de formados, os participantes desses programas desfrutam de índices de emprego e de salários mais elevados que os de outros estudantes acompanhados como grupo de controle.Os especialistas em combate à pobreza classificam a constatação como encorajadora, porque poucas intervenções junto a jovens de baixa renda, especialmente negros e hispânicos, demonstraram efeitos duradouros e significativos, e elas surgem em um momento no qual os homens jovens e membros de minorias, em especial, estão perdendo terreno de maneira desastrosa no mercado de trabalho.As academias de carreiras oferecem aos alunos experiência de trabalho e os ajudam a obter empregos remunerados, enquanto eles realizam seu trabalho acadêmico regular. Quando o estudo, conduzido pela Manpower Demonstration Research, foi iniciado, 15 anos atrás, havia menos de 500 academias de carreiras em operação nos Estados Unidos. O número agora supera as 2,5 mil, e as conclusões do estudo devem estimular crescimento ainda maior.Os participantes eram em sua maioria negros e hispânicos, e as escolas tinham ênfase em disciplinas como negócios, turismo, saúde e eletrônica, com alunos matriculados por três ou quatro anos. Oito anos depois de encerrado o segundo grau, a maioria dos participantes tem 26 anos, e a renda média dos egressos desse tipo de programa é 11% mais alta - o equivalente a US$ 2.088 anuais a mais - do que a do grupo de controle."As demonstrações constatam que é possível investir no ensino de segundo grau de uma maneira que ainda terá efeito mensurável sobre a renda muito tempo mais tarde", disse James Kemple, autor do estudo e especialista em educação da Manpower, uma organização sediada em Nova York que avalia os efeitos de programas de combate à pobreza."Eles também demonstram que se pode oferecer uma boa entrada no mercado de trabalho sem comprometer a capacidade do estudante para continuar seus estudos em uma universidade", segundo Kemple. Para comparar estudantes semelhantes, os voluntários que se inscreveram para o estudo foram designados aleatoriamente para estudar nas academias ou servir como grupo de controle e não participar delas.Homens e mulheresA elevação na renda foi mais perceptível entre os homens que passaram pela academia, com diferença anual de 17% ou US$ 3.731. Os pesquisadores não sabem bem por que as mulheres tiveram ganhos bem menos significativos, e planejam estudar possíveis influências, tais como o tempo que elas dedicam a criar filhos e o tempo mais longo que as mulheres em média destinam à educação posterior ao segundo grau, que tende a produzir renda mais alta somente quando elas concluem sua educação superior.Para surpresa dos pesquisadores, os dois grupos não apresentaram diferenças em termos de conclusão do estudo secundário e do ensino superior. Nos dois grupos, 90% dos estudantes concluíram o segundo grau e obtiveram um diploma GED, e 50% tiveram pelo menos alguma educação superior - índices bem superiores à média em suas populações escolares.Os pesquisadores acreditam que aqueles que expressaram interesse inicial pelo ensino superior podem ter compartilhado de motivação semelhante para o sucesso, quer tenham sido escolhidos para as academias de carreira, quer não. Mas isso sugere igualmente que alguma coisa na experiência acadêmica, para além da educação em si, promove maior sucesso no mercado de trabalho.Um provável fator é que as academias de carreira ofereciam acesso a adultos em locais reais de trabalho, diz J. D. Hoye, diretor do programa de colocação profissional de estudantes de segundo grau no governo Clinton e hoje presidente da National Academy Foundation, que assessora as academias de carreiras sobre currículos e outros assuntos. "Os alunos podem ver como é trabalhar, e constroem uma rede de adultos que se interessam por eles nas escolas e nos locais de trabalho", disse Hoye.Os estudantes de uma academia de carreiras se mantêm unidos como grupo. Usualmente recebem estágios pagos no segundo ano de colegial, alguns dos quais se transformam em empregos que eles mantêm até a faculdade. Na academia de turismo da Miami Beach Senior High School, por exemplo, muitos começam trabalhando nas recepções de grandes hotéis, e a esperança de alguns dos participantes é usar essa experiência para conquistar cargos executivos nessas empresas.Escolas participantesUma escola participante é a Santa Ana High School, do sul da Califórnia, onde 90% dos quase três mil alunos são hispânicos e cerca de 180 deles participam da Academia Global de Finanças. Além das matérias tradicionais, eles recebem aulas de Computação e Contabilidade, e estudam o mercado de ações, o de imóveis e o de finanças pessoais. Eles fazem estágios em bancos, escritórios de advocacia e empresas de finanças, e na administração do distrito escolar, entre outros lugares.Os estudantes parecem se beneficiar de sua participação em um grupo pequeno e especial, disse Mark Bartholio, o diretor da academia. Muitos optam por não procurar carreiras em finanças, mas em lugar disso se tornam professores, assistentes sociais ou trabalham no ramo da justiça, ele afirma, mas um dos formandos disse que a contabilidade que ele aprendeu no programa o ajudou a abrir sua pequena empresa."As academias de carreiras dizem aos alunos que, caso se disponham ao esforço necessário para obter um diploma universitário, há caminhos abertos para eles", afirmou David Stern, especialista em educação da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos primeiros proponentes das academias de carreiras. "Mas mesmo que eles não queriam fazer curso superior, ou não o concluam, têm alguma experiência profissional a que recorrer, e isso lhes confere uma pequena vantagem no mercado de trabalho".
Texto: Erick - Eckholm Tradução: Paulo Migliacci ME
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